Estão em discussão os cultivares transgênicos que, entre outras características, são resistentes aos agrotóxicos da mesma empresa detentora da patente ou registro, o que obriga à compra casada de sementes e herbicidas por parte do agricultor, e o obriga também a continuar sempre a usar venenos; ou que contém o gen "terminator" para sua autodestruição, para que o agricultor não possa reproduzir a semente. O problema, como se vê, não é técnico, é político! Este tipo de tecnologia nas mãos das mesmas poderosas corporações transnacionais da agroquímica que nas últimas duas décadas conseguiram comprar praticamente todas as empresas importantes de sementes, agrícolas e outras, longe de constituir-se, como elas alardeiam, em instrumentos para a solução dos problemas da fome no mundo, são, isto sim, poderosos instrumentos para a criação de dependência, isto é, de dominação. Agravar-se-ão, ainda mais, a marginalização e desestruturação social, com o inaceitável séqüito de miséria, fome, criminalidade, convulsões sociais. Trata-se da culminação de um processo que desde o início do século vem desapropriando o agricultor, especialmente o campesinado tradicional, retirando-lhe todas aquelas partes de seu trabalho que contribuem à renda segura e deixando-lhe somente riscos - como o risco de más colheitas por influências climáticas que ninguém pode controlar, assim como, riscos novos - o risco de fracasso econômico devido à crescente dependência de insumos cada vez mais caros ao mesmo tempo que à crescente manipulação dos mercados reduz cada vez mais os preços de seus produtos. O alvo final das transnacionais é promover apenas o "agribusiness"com propriedades gigantes por elas diretamente controladas e permitir sobrevivência apenas dos agricultores familiares pequenos que estarão diretamente atrelados à indústria - como no cultivo do fumo, de fruticultura ou legumes diretamente para as grandes fábricas de conservas, óleos, etc..., os campos de concentração de galinhas e as fábricas de ovos, diretamente manipuladas pelos grandes abatedouros, que são também os donos dos híbridos registrados não reproduzíveis. Algo semelhante já está sendo preparado para os calabouços de porcos. O "produtor" fica apenas com a ilusão de ser empresário autônomo, quando a sua real situação é a de operário, sem horário de trabalho definido, sem domingos, feriados, férias e sem previdência social. O INSS deveria olhar a fundo esta burla.
Os nossos governantes e políticos têm a obrigação moral de servir os interesses do cidadão que eles dizem representar, e não atrelar-se ao poder tecnocrático transnacional! Voltar ao índice |