E se forem os combustíveis?

 

            Na paralisação dos caminhoneiros, cujos prejuízos produtivos e monetários são calculados na cifra dos bilhões de Reais e com faturas adicionais por vir, evidencia-se algo mais.

 

Primeiramente, a relevância que o transporte rodoviário adquiriu no Brasil para os sistemas de produção e distribuição de alimentos; commodities; produtos químicos; medicamentos; para a maquinaria rural e industrial, para o transporte coletivo e particular; gás para cozinha e aquecimento, bens.  Nas cidades, foi-se do apoio inicial à apreensão pela sobrevivência, na medida em que água e alimentos escassearam. No campo, granjeiros conviveram com gritos agonizantes e a morte de animais famintos; milhares de litros de leite foram desperdiçados; frutas, verduras e até as flores murcharam. O Brasil foi tomado de desespero e dor, de norte a sul, no passar de poucos dias, melhor dizendo, de poucas horas! Paralisaram os caminhoneiros e o Brasil - um país de dimensão continental, viu seu pulso vital minguar.

 

Dessa vez, ligaram-se os motores e o Brasil ressuscitou! Um país mais fragilizado e capenga do que tínhamos; muitos tardarão para se recuperar, novos protestos e movimentos seguem à espreita, mas tudo retoma seu curso.

 

E quando cessar a abundância dos fósseis? Pudemos perceber o tamanho do impacto! Escancara-se a necessidade imperativa de fomentarmos outros meios de transporte; de repensarmos as cadeias produtivas – tornando-as mais diversificadas, integradas, complementares e próximas dos centros urbanos,  valendo-se de energia eólica, solar, biogás e priorizando insumos locais; as cidades – contemplando o conjunto dos serviços em cada bairro e facilitando a acessibilidade por bicicleta; nossas atitudes – sendo mais frugais e colaborativos... Se repensamos diversos hábitos para fazer frente ao desafio que tivemos, por que não seguir fazendo-o? Precisamos diminuir a dependência do petróleo.  Afora os impactos climáticos e poluentes, acabamos de ver o que mais pode nos acometer!     

 Lara Lutzenberger

Junho de 2018

 

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