TIAGO EDUARDO
(Mov. Roessler)
QUINTA-FEIRA, 16 DE MAIO DE 2002
José Lutzenbe
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A natureza nos ensina que tudo se renova e se transforma, forças naturais que se complementam fazem a roda da vida continuar girando. O que é antigo hoje, nasceu jovem outrora, o novo se tornará velho algum dia, e o novo do amanhã ainda está para nascer. Ainda que se compreenda a que nossa existência é um piscar de olhos do universo, que tudo é impermanente e se irá algum dia, é difícil não sofrer com a perda de alguém querido. Especialmente quando se trata de alguém que,  como poucos no planeta, uma dúzia talvez, compreendeu a natureza da vida de forma tão profunda, e dedicou sua vida pelo coletivo vivo na Terra.

Para Lutz, nosso planeta é muito mais que uma composição físico-química onde por acaso a vida aconteceu. Gaia é um organismo vivo, onde cada uma de suas células está interligada e dependem umas das outras. Dizia ele:

Seria possível um planeta, como o nosso, cheio de vida mas sem plantas? Impossível.

Seria possível um planeta só com plantas mas sem animais? Impossível.

Neste contexto se encontra o ser humano, mais ou menos consciente de que não é mais do que parte de um todo funcional e harmônico e belo. As lições do mestre terão eco no futuro, não só em seus livros, mas nos ecologistas que perpetuarão sua obra. Num mundo onde os lucros de uma minoria cada vez mais se sobrepõem à sobrevivência da maioria, os desafios aumentam sempre.

Abençoado pela natureza na hora de partir, Lutzemberger foi saudado pelos elementos naturais ao ser enterrado. Os poucos que assistiram à cerimônia, familiares e companheiros, sentiram o vento sacudindo as árvores com a mesma energia que ele demonstrou em vida. Um único trovão no céu fez a chuva verter do céu no instante em que cessavam as palmas dos presentes. Assistimos ao tombamento de uma grande árvore, mas a floresta continua de pé.


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