Uma palavra que lembra Vida.

Christian Lavich Goldschmidt*

 

Hoje, no dia da Ecologia, devemos nos lembrar de José Lutzenberger. Depois de tudo o que fez pela humanidade, o mínimo que nós podemos fazer, é cuidar e preservar todo o ecossistema no qual estamos inseridos, e do qual viemos a fazer parte como uma das últimas espécies resultantes da criação do Universo. Devemos dar continuidade a esta missão tão importante que ele iniciou e para a qual preparou muitos seguidores. Porém, mesmo os que não tiveram o privilégio de ouvir dele próprio os mais importantes ensinamentos sobre como viver e fazer um mundo melhor; mesmo esses, podem e devem ainda aprender muito, pois sua obra é infinita e está à disposição de qualquer um que queira colaborar na construção de um mundo mais justo. Cada palavra e cada gesto contam muito na época em que nos encontramos. Não podemos deixar seus ensinamentos caírem no esquecimento. Suas teorias em defesa da ecologia sempre foram muito bem fundamentadas – Lutz sabia o que falava – no princípio buscava a resposta para suas dúvidas simplesmente observando e interagindo com a natureza e sua biodiversidade, o que para ele consistia em um fascínio imensurável; mais tarde, aprofundou seus conhecimentos através de estudos e pesquisas sempre tendo uma relação de respeito com a fauna e a flora. Lutz sempre foi contra qualquer tipo de agressão que pudesse desestruturar a ordem natural das coisas.

Em toda sua trajetória, uma das coisas que o deixava entristecido, era a falta de interesse pela questão ambiental, principalmente da parte dos jovens. Ele não conseguia entender como alguém pode não se interessar por algo tão importante para a continuidade de sua própria vida. Se dermos continuidade a essa triste devastação estamos arriscando a extinção de nossa própria espécie. Se não cuidarmos de nossa biodiversidade, estaremos descuidando de nós mesmos. Devemos dar início a uma grande campanha, através da qual se dê ênfase ao preparo do jovem para a vida e não só para o mercado de trabalho como estão pregando os atuais sistemas capitalistas.

Precisamos agora, mais do que nunca, engajar políticos, empresários e cidadãos na questão ambiental. É hora de se promover e estimular as mudanças necessárias em atividades ligadas à agricultura e energias alternativas, saneamento natural, estudo e preservação da biodiversidade. Devemos nos lembrar, mais do que nunca, que Ecologia, é uma palavra que lembra Vida.

    

*Escritor e ator

Texto publicado no Correio do Povo em 04 de outubro de 2005.

 

Voltar ao índice