Enciclopédia Genial

 

“Na forma peculiar com que Einstein empreendeu a exploração do mundo, equações e experiências, embora fundamentais, vieram a reboque de uma contemplação dos fenônemos, de uma busca incessante pela solução das charadas do cosmo...”, conforme Thereza Venturoli em artigo para Veja (edição 1915, ano 38, n° 30).

 

Quando nossa vida é pregada pela superficialidade das aparências e pela artificialidade de materiais e formas sintéticas, não é de surpreender que tenhamos que relembrar-nos de que aprender é uma das coisas mais espontâneas da vida, especialmente quando se trata da humana.

 

Viemos dotados de uma curiosidade investigativa que pode ser insaciável. É tal nossa habilidade de observação e compreensão, que provavelmente já o fazemos dentro do ventre materno, reconhecendo e interpretando a voz de nossos pais ou o espaço que se torna cada dia mais limitado para acomodar o corpo que cresce vertiginosamente em tamanho e complexidade. Até o dia em que somos lançados em um mundo muito, mas muito maior, para êxtase dos nossos 5 sentidos ávidos por novidades. A voz de nossos pais toma corpo e forma de feições expressivas, mãos que ora acolhem ora intimidam, uma miríade de cheiros e sensações, cores e experiências sem fim. Cada dia uma descoberta, um novo detalhe que gera novas perguntas e traz novas respostas num processo de perguntas e respostas interminável.

 

Refém da complexidade de suas descobertas passadas, a humanidade passou a atribuir uma importância desproporcional a educação no espaço físico e temporal escolar, com métodos de ensino de repasse, seguidamente descontextualizado, de conteúdo curricular. Mas, os gênios do século passado surgiram em circunstâncias mais simples, em que o conhecimento não foi absorvido pela cópia entediante de pilhas de informações, e, sim, foi repassado e re-elaborado a partir da observação lúdica e interação criativa no vasto livro da rua, na gigantesca enciclopédia da natureza, que vai da poça d’água com sua excentricidade microscópica até as impalpáveis fronteiras do universo.

 

Reconhecer a educação como um processo contínuo que se dá a toda hora em qualquer lugar, é perceber a influência de nossas vivências e convivências diárias no reforço, ou não, de nossa curiosidade nata. Aquela mesma curiosidade ingênua e descompromissada que praticamos na nossa infância e que Einstein felizmente praticou por toda a vida!

 

Lara Lutzenberger

08/2005

 

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