Exército de vaga-lumes

 
‘O mundo mudou por nossa causa; chegou a nossa vez de mudar por ele.’ Este é o slogan do Prêmio  José Lutzenberger de Jornalismo Ambiental, lançado em 20 de março, por iniciativa da Braskem, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) e Associação Riograndense de Imprensa (ARI).


Sim, é mais do que tempo de traduzirmos a consciência ambiental em atitude! Uma atitude condizente com a preservação da capacidade do nosso planeta de sustentar a vida com qualidade, expressa em clima agradável, solos férteis, água límpida, ar puro e ambiente estimulante para o sentir-se bem individual e coletivo, inclusive o das demais espécies que o configuram sinergicamente conosco, 7 bilhões de seres humanos que somos hoje.


O jornalismo, como grande refletor da realidade e acelerador de tendências, cumpre um papel singular nesse movimento. É preciso jogar luzes sobre as inúmeras iniciativas que surgem na forma de atitudes ecocidadãs, ações empresariais, movimentos sociais e políticos visando uma reorientação mais construtiva de nossa sociedade cada vez mais globalizada em seus empreendimentos e impactos. São, por exemplo, escolas que mobilizam suas comunidades para a criação e manutenção de áreas verdes como espaços de convivência e promotores da paz; são indústrias que minimizam a geração de resíduos e que lançam produtos com menor demanda energética, duráveis e recicláveis; são leis que favorecem a viabilidade econômica e social de uma produção agrícola diversificada e ecologicamente inserida nas paisagens; ou ainda, regulações que podem inverter a situação atual, em que é mais econômico derrubar a Amazônia para plantar soja, e apenas soja, do que manejá-la com reverência, como expressão máxima da biodiversidade tropical e agente vital de macrorregulação climática.  Felizmente, exemplos abundam.


Mas, como diz um provérbio budista: ‘a árvore que cai faz muito mais barulho do que a floresta que cresce.’ Essa última tende a se estabelecer não só de forma silenciosa como muito mais lenta também. Porém, se tivermos um exército de vaga-lumes, guiado pelo espírito de ‘Lutz’, a iluminar essa floresta crescente e a divulgar o mundo encantado de flores, frutos e seres mágicos que esta abriga, certamente estaremos dando um importante impulso para reverter o quadro atual, em que escutamos tantas árvores tombando e, em que, mais do que nunca, é preciso mudar para o bem do mundo e de todos nós.

 

Lara Lutzenberger                                                                                                                           
Presidente da Fundação Gaia – Legado Lutzenberger

Março de 2014

Artigo para o Jornal Correio do Povo

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